domingo, 25 de dezembro de 2011

Letícia, hoje seria o teu primeiro Natal.

Letícia, hoje seria o teu primeiro Natal. Choveu quase o dia todo lembrei muito da cartinha de ontem dizendo que ia tomar um banho de nuvem fazer muita bagunça que poderia causar chuva e que assim estaria se divertindo, pensei que você estava se divertindo muito, não queria que a chuva parasse.
Há um ano, muitas expectativas se fizeram para este ano. Expectativas essas que morreram no dia em que você partiu.
Este ano o Natal não teve aquele gostinho que sempre teve, porque faltava você. Papai e mamãe antes de qualquer comemoração foram ao cemitério levar flores e uma bonequinha para você. Nunca imaginei passar por esta situação. Fomos à casa da vó Zita como sempre vamos nesta data, ano passado o papai anunciou para todos na mesa do almoço de natal que este ano teria mais uma pessoa este ano na mesa, era para ser você!

Quando os priminhos receberam presentes me senti tão triste, porque idealizei para este ano, você recebendo presentes. Por muitos momentos os meus olhos encheram-se de lágrimas, pensava em você, todos querendo te pegar no colo,você sorrindo,brincando... Tantos sonhos, tanto amor para te dar e enfrentar a dura realidade é tão difícil. Por muitos momentos pensei em não participar da festa, mas depois de muito pensar acabei por enfrentar esta realidade que é a minha. O não te ter comigo. É preciso amar as pessoas enquanto estão conosco pode ser que ano que vem não estejam mais... Quem imaginaria que minha bebê fosse morrer?Quem sabe quem é o próximo?  Letícia não está comigo, mas estás sempre no meu pensamento. Sabe disso, não sabe Letícia?
Tenho muitas saudades tuas. Amo te muito. Um beijo grande daqui até ao céu...
Poema de Natal
Vinícius de Moraes

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

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